Exercício Físico e Doenças Reumáticas

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Exercício Físico e Doenças Reumáticas

Entende-se como atividade física qualquer movimento corporal que leve a gasto energético acima dos níveis de energia em repouso. A quantidade de energia utilizada para realizar um determinado movimento traduz o nível de prática da atividade física que é exigido pelo movimento. Exercício físico, por sua vez, consiste em uma atividade física planejada, repetitiva e estruturada com objetivo bem definido. O exercício físico pode ter diferentes efeitos locais e sistêmicos dependendo da forma como é realizado. Exercício físico agudo tem efeito pró-inflamatório enquanto exercício físico crônico tem efeito anti-inflamatório. A modalidade, intensidade, frequência e duração do exercício também podem proporcionar respostas distintas do sistema imune, eixo neuro-endócrino e cardiovascular.

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Desta forma, para se obter os benefícios do exercício físico de forma segura e eficaz, é necessário que o indivíduo tenha uma prescrição planejada e individualizada, com o objetivo predefinido, a fim de que a escolha da modalidade, intensidade, frequência e duração do exercício físico sejam bem estabelecidos. Pode ter como objetivos aumento da força muscular, incremento da resistência muscular ou mesmo melhora da capacidade cardiovascular. Para prescrição do exercício devem ser levados em consideração o objetivo, a capacidade funcional inicial do paciente, história clínica e doenças associadas, levando-se em consideração ainda possíveis restrições ou incapacidades. Além disso, há de se considerar as preferências individuais em relação às atividades propostas, pois o exercício físico precisa ser prazeroso ao paciente tanto durante quanto após a execução.

A Sociedade Americana de Cardiologia sugere que se faça pelo menos 150 minutos por semana de exercício moderado ou 75 minutos por semana de exercícios vigorosos, podendo haver uma combinação de atividade física moderada e intensa (American Heart Association, 2013). A Sociedade Americana de Medicina do Esporte recomenda de 30 a 60 minutos de exercício com intensidade moderada, cinco dias por semana ou 20 a 60 minutos de exercício vigoroso, três vezes por semana (American College of Sports Medicine, 2011). 

É recomendável que o paciente sempre converse com seu médico antes de iniciar a prática de exercício físico tanto para orientações gerais quanto em relação à doença que o paciente apresenta. Os principais cuidados são:

1) Consulte o seu médico.

Este é capaz de realizar um bom exame clínico e, através de uma boa conversa, detectar alterações pulmonares, cardiovasculares ou no aparelho locomotor. Relate principalmente queixas e sintomas que surgem quando realiza atividades (como dor no peito, falta de ar, palpitações e desmaios), assim como também doenças prévias e antecedentes familiares de doença cardíaca.

2) O médico pode indicar alguns exames que podem ser feitos antes da prática do exercício.

Nem todos são obrigatórios, devendo ser indicados individualmente a critério do médico. Dentre os exames que podem ser solicitados podemos citar:

  • Hemograma: avaliar presença de anemia ou alteração em outras linhagens celulares;
  • Velocidade de hemossedimentação (VHS), anti-DNA e dosagem complemento: avaliar possível atividade da doença em algumas doenças reumáticas autoimunes;
  • Glicemia jejum: avaliar diagnóstico de diabetes ou intolerância à glicose;
  • Colesterol total e frações e triglicerídeos: diagnóstico de dislipidemia (alteração nos níveis de colesterol e triglicérides);
  • Creatinina: avaliação da função dos rins;
  • Urina I: avaliar possível acometimento dos rins em algumas doenças reumáticas autoimunes;
  • Eletrocardiograma e Teste ergométrico: avaliação de arritmias ou doença isquêmica do coração em repouso e durante o esforço físico;
  • Teste Ergoespirométrico (ou Teste Cardiopulmonar): teste utilizado para avaliação cardiorrespiratória em que se analisam os gases expirados e a função cardíaca. É útil também para prescrição do treinamento.

3) O paciente com lúpus eritematoso sistêmico deve evitar a exposição solar, principalmente entre 9h e 15h, quando há maior intensidade de radiação ultravioleta, pois ela pode desencadear atividade da doença. O uso do protetor solar é obrigatório, assim como também uso de chapéu, bonés ou sombrinhas. Lembrar que o protetor solar deve ser repassado, pois seu efeito não dura mais que 3 horas.

4) Hidrate-se antes, durante e depois da atividade física; use roupas leves, claras e ventiladas; não faça exercícios em jejum e evite comer demais antes da atividade física; use tênis confortáveis e macios.

5) Pacientes em uso de anticoagulante oral devem comunicar ao médico e ao educador físico, pois podem apresentar maior risco de sangramento, devendo evitar atividades com maior risco de ferimentos e traumas.

O médico e o educador físico podem e devem conversar sempre que possível, pois em decisão compartilhada com o paciente, podem ainda indicar qual a melhor modalidade (natação, hidroginástica, corrida, caminhada, dança, musculação, etc), intensidade (leve, moderada ou intensa), frequência (quantas vezes por semana) e duração (tempo) do exercício a ser realizado pelo paciente. Não podemos esquecer que em algumas situações específicas a prática de exercício físico está contraindicada.
Assim, é sempre importante conversar com seu médico antes de iniciar a sua prática, levando a prática de exercício físico regular a se tornar um grande aliado no tratamento das doenças reumáticas.